sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dicas práticas para fotografar melhor

Esse espaço é para toda e qualquer pessoa que queira fotografar ou que goste de fotografia. Por isso, você que é leitor do meu blog e meu interlocutor pode mandar suas perguntas, dúvidas e sugestões, técnicas novas, etc.
Quem quiser também pode enviar um e-mail para luizg_df@hotmail.com

Dicas:

1º Consciência: Defina o que você quer fotografar, ou seja, pense um pouquinho antes de apertar o botão. A melhor fotografia é aquela que te passa alguma mensagem, seja ela pelo conteúdo ou pela expressão. Tenha paciência e espere até o momento certo e com certeza você será recompensado com uma bela foto.

2º Escolha: Selecione um espaço para se fotografar. Se por exemplo você quiser fotografar uma flor, tente encher toda a imagem com ela. Desse jeito o tema fica mais definido e você ganha nos detalhes.

3º Composição: Ande sempre de um lado para o outro, tente se aproximar ou se afastar, suba e desça o ângulo da cena. Essa é a melhor maneira de você escolher o ponto de vista. Na composição você pensa em equilibrar os elementos, por isso tente colocá-los nos pontos de ouro* . Se for de seu gosto, use as diagonais. Elas também valorizam a foto.


*Pontos de ouro: são as partes da imagem que o nosso olhar percorre primeiro e, dessa forma, devem ser priorizados.




Obs.: As regras não precisam ser seguidas sempre, mas são muito boas para treinar e trabalhar seu olho.

4º Sensibilidade: A questão é pessoal. Às vezes, uma boa conversa sem nenhuma foto pelo caminho é melhor do que uma sessão de disparos. Se você for fotografar pessoas para um ensaio, tente conhecê-la antes.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dois tempos do preto-e-branco: a fotografia de Bresson e Salgado

Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado são considerados como os dois fotógrafos mais importantes do século XX. O francês Cartier-Bresson foi co-fundador da agência Magnum Photos junto outros fotógrafos importantes, como Robert Capa e David Seymour. Também criou o conceito de momento decisivo, importante para o desenvolvimento do fotojornalismo no mundo.
Salgado tem uma trajetória diferente, já que só começou a fotografar quando tinha mais de trinta anos por sugestão da sua mulher, Lélia. O brasileiro nascido em Aymorés, é responsável por um dos mais importantes trabalhos de fotografia documental voltado para as causas sociais no mundo: a trilogia Trabalhadores, Terra e Êxodos.
Uma diferença entre o trabalho do dois está no comprimento de pautas especificas. Cartier-Bresson conheceu o mundo e acabou fotografando momentos importantes da história mais por ajuda do acaso. Já Salgado desenvolve suas pautas através de longas pesquisas de um determinado tema e leva anos para completá-las. A trilogia citada acima, por exemplo, constrói um discurso sobre os efeitos negativos que a globalização causou no mundo.
Outra diferença expressiva é que o fotógrafo brasileiro critica o momento decisivo de Cartier-Bresson porque esse instante estaria tangente ao vértice da função da fotografia. Para aproveitar esse momento ao máximo, Salgado então propõe o “fenômeno fotográfico” que passa em linha reta por dentro da parábola da função entre o tempo real e a fotografia. Desse modo, ele pode conhecer de maneira profunda os temas que retrata.
Através da análise semiótica dos livros de Sebastião Salgado ainda nota-se uma construção narrativa complexa, em que a ordem das fotos também produz um efeito de sentido de subjetividade e aproximação dos problemas sociais. O enunciador dialoga com o enunciatário, tentando o convencer e talvez engajá-lo na luta por uma sociedade democrática.
Henri Cartier-Bresson parece se preocupar mais com o sentido presente na foto em si e, por isso, trabalha com desenhos e sombras. O olhar do fotojornalista transcende a imagem fotografada, característica de seu estilo zen. Mas nunca sem esquecer que “mais importante que a fotografia, são as pessoas.”

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sem angústias nem explicações: O olhar zen subexposto de Henri Cartier-Bresson

A interrogação no título do filme já indicava que os mistérios do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson não seriam revelados. Logo de início o fotojornalista, co-fundador da Agência Magnum Photos, declarou que o importante ali não seria suas respostas, mas sim o teor das perguntas. Foi tão ousado quanto suas fotos.

Arrogante, Cartier-Bresson respondia a sua ex-mulher com provocações. Quando questionado se já teve um grande amor, ele disse que sim, mas não a alguém ou a alguma coisa. O fotógrafo demonstrava ali seu lado mais zen, falando de que devia o amor a todas as coisas lindas que já fotografou como árvores, pássaros e até mesmo o cosmo. O zen não se referia a nenhuma religião, mas uma maneira diferente de dialogar com o mundo.

A primeira obra fotográfica, conhecida na França como “Images à la Sauvette”, ganhou um título inusitado na Inglaterra: “The Decisive Moment”. Esse momento se tornaria uma inspiração para todos os fotógrafos, amadores ou profissionais, já que trabalha com um momento tão furtivo e quem sabe, merecedor de ser congelado. Capturar esse instante crucial traz a angústia de estar no lugar certo e na hora certa. Embora amenize qualquer aflição citando uma frase de Rodin: “O que se faz com tempo, o tempo respeita.”

Talvez o grande colaborador de Bresson seja o acaso. O fotojornalista conheceu diversos países e pode retratar momentos importantes da história mundial. Ele estava na Espanha durante a Guerra Civil, na Índia quando Mahatma Gandhi foi assassinado e na China durante a revolução cultural de Mao Tsé Tung. Foi também o primeiro fotógrafo ocidental a ter autorização para retratar a vida da União Soviética.

Era membro do partido comunista francês e foi duas vezes preso durante a 2ª Guerra Mundial. Após o conflito o Museu de Artes de Nova Iorque fez uma exibição de fotos “póstuma”, mas Bresson ainda estava vivo. O fato inusitado se repetiu no verdadeiro fim de sua vida. A imprensa mundial só descobriu a sua morte dois dias depois.

Cartier-Bresson deixou muito mais do que sua obra ou seu modo de vida. Para ele "Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração". A fotografia não é só a técnica, ou só a paralisação do tempo real. Revela-se junto da imagem um pouco da consciência e dos sentimentos do ser humano.