quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dois tempos do preto-e-branco: a fotografia de Bresson e Salgado

Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado são considerados como os dois fotógrafos mais importantes do século XX. O francês Cartier-Bresson foi co-fundador da agência Magnum Photos junto outros fotógrafos importantes, como Robert Capa e David Seymour. Também criou o conceito de momento decisivo, importante para o desenvolvimento do fotojornalismo no mundo.
Salgado tem uma trajetória diferente, já que só começou a fotografar quando tinha mais de trinta anos por sugestão da sua mulher, Lélia. O brasileiro nascido em Aymorés, é responsável por um dos mais importantes trabalhos de fotografia documental voltado para as causas sociais no mundo: a trilogia Trabalhadores, Terra e Êxodos.
Uma diferença entre o trabalho do dois está no comprimento de pautas especificas. Cartier-Bresson conheceu o mundo e acabou fotografando momentos importantes da história mais por ajuda do acaso. Já Salgado desenvolve suas pautas através de longas pesquisas de um determinado tema e leva anos para completá-las. A trilogia citada acima, por exemplo, constrói um discurso sobre os efeitos negativos que a globalização causou no mundo.
Outra diferença expressiva é que o fotógrafo brasileiro critica o momento decisivo de Cartier-Bresson porque esse instante estaria tangente ao vértice da função da fotografia. Para aproveitar esse momento ao máximo, Salgado então propõe o “fenômeno fotográfico” que passa em linha reta por dentro da parábola da função entre o tempo real e a fotografia. Desse modo, ele pode conhecer de maneira profunda os temas que retrata.
Através da análise semiótica dos livros de Sebastião Salgado ainda nota-se uma construção narrativa complexa, em que a ordem das fotos também produz um efeito de sentido de subjetividade e aproximação dos problemas sociais. O enunciador dialoga com o enunciatário, tentando o convencer e talvez engajá-lo na luta por uma sociedade democrática.
Henri Cartier-Bresson parece se preocupar mais com o sentido presente na foto em si e, por isso, trabalha com desenhos e sombras. O olhar do fotojornalista transcende a imagem fotografada, característica de seu estilo zen. Mas nunca sem esquecer que “mais importante que a fotografia, são as pessoas.”

2 comentários:

Anônimo disse...

Tres grandes fotógrafos: Bresson, Salgado e o aprendiz que escreve sobre ambos. Parabéns cara, o blog tá mtobom, as fotos são lindas e os textos mostram conteúdos que não achamos por aí todo dia, bem especializado, to gostando mesmo.
bju

Anônimo disse...

Adorei o blog Luiz...
é mto bom escrever sobre o que a gente gosta neh!
e vc ja é profissional...hehehe
bjus